Se você busca autoconhecimento aqui vai uma dica: trabalhe
embarcado!
Trabalhar a bordo de uma ilha de ferro, flutuando em algum ponto do oceano
convivendo com pessoas de diversos lugares e culturas que são totalmente
desconhecidas, mas que fazem parte do seu dia-a-dia por 2 semanas e acabam se
tornando os únicos seres humanos que você vê em meio a tantas máquinas e
parafusos e, é claro, água.
Existe uma beleza profunda entre estar cercado de pessoas e estar sozinho. Por
mais que você conviva diariamente com 150 pessoas, na maior parte do tempo você
está extremamente só. E é no momento em que você percebe isso que você olha pra
dentro de si e busca o ponto de equilíbrio que te impede de surtar e ir lá fora
dar um “mergulho”.
Por que você está ali? Quem te espera quando você descer? E se você precisar
ficar mais do que os pré-estabelecidos 14 dias? Por quanto tempo você vai viver
essa vida dividida em duas metades? Qual é o seu objetivo? Você tem duas vidas?
Um comportamento diferente em cada lugar? Mas, acima de tudo: Quem é você?
Quando chegamos de volta ao aeroporto cada um segue para um lado diferente
buscando o caminho de casa, e assim aquelas pessoas tão presentes, as únicas
presentes na sua vida nos últimos 14 dias morrem, e só voltam à vida no mesmo aeroporto
14 dias mais tarde. Não é o confinamento que perturba a mente, é o ligar e desligar
das relações. E quando você desliga o relacionamento com essas pessoas você
percebe que só resta você, e ninguém mais. Porque até você religar o
relacionamento com a sua família e amigos leva um tempinho – às vezes só o
caminho até em casa, mas leva!; e nessa jornada é só você e seus pensamentos.
Agora, falo por mim: foi nesse momento que eu aprendi a ser
sozinha. A ter a companhia dos meus pensamentos – e, quer saber? Não é ruim!
Aprendi que o mundo não para porque eu estou cansada ou com saudades de casa.
Todo mundo está, por que ele pararia só por minha causa? Descobrir que você é
só mais um ser humano em meio a tantos e, isso não é tão assustador quanto
parece; isso leva você a descobrir e
externar o seu diferencial. Sou igual a todo mundo, mas tem algo que me faz
única, o que é?
Bem, isso já é enredo para um próximo post. Fico por aqui, a
bordo, lidando com meus pensamentos e tentando não surtar.